É um desrespeito à história da Bahia mudar o nome, que já não
é estádio, é arena, da Fonte Nova, dela retirando a homenagem feita ao seu
construtor, Octávio Mangabeira, um dos maiores governadores da Bahia na
primeira metade do século XX. Mangabeira é um dos poucos governadores lembrados
pelos baianos. Construiu o estádio para servir à Copa do Mundo de 50, mas não
foi concluído a tempo.
Construiu o Hotel da Bahia, com linhas modernas para a época,
quando Salvador se ressentia da ausência de hotéis, que eram poucos, e se valia
das pensões. Mangabeira morou no hotel, não tinha casa. Morreu pobre. Agora,
permitir-se, como está a acontecer, batizar o estádio, ou arena, com o nome de
uma cerveja é um acinte. Quem permitiu ou deu ordens para tamanho absurdo? Os baianos,
mesmos os da nova geração, citam Octávio Mangabeira como se o conhecessem.
Quando o velho estádio da Fonte Nova estava inteiro, até acontecer a tragédia
com sete mortos, era Estádio da Fonte Nova Octávio Mangabeira.
O que querem agora? Destruir os símbolos da Bahia? Trocá-los
por cerveja? Não dá para conceber, não dá para aceitar. Está aí, na prática e
com seu nome, o dito do velho Mangaba: "Pensem num absurdo..."
por Samuel Celestino