Pelo menos seis presos foram
assassinados e sete ficaram feridos, na segunda-feira (28), durante uma
rebelião no Conjunto Penal de Eunápolis, no sul da Bahia, a 671 km de Salvador.
Dois policiais militares foram feridos por estilhaços de bombas usadas pelo
Batalhão de Choque da PM para controlar os detentos
Dentre as seis vítimas mortas,
três foram queimadas junto com colchões, e as outras três supostamente sofreram
perfurações com armas feitas de material cortante. Segundo a Secretaria
Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), a rebelião
envolveu 341 internos do Pavilhão A, que abriga os presos provisórios do
Conjunto Penal. Ainda conforme informações da Seap, a revolta teve início, por
volta das 9h30, por conta da
insatisfação dos internos diante da revista periódica, realizada na unidade
"para garantir a ordem".
Segundo comunicado divulgado pela
Seap, "os internos, que se encontravam no pátio da unidade, aguardando o
fim da revista, agrediram os agentes e policiais militares que davam apoio ao
procedimento".
O Batalhão de Choque da Polícia
Militar, acompanhado de outras corporações, invadiu e ocupou o pavilhão do
Conjunto Penal de Eunápolis por volta das 15h30. Bombas de efeito moral, com gás
lacrimogênio, foram utilizadas para acalmar os ânimos.
Por volta de 18h, já com a
situação controlada, o Instituto Médico Legal (IML) ainda retirava corpos do
presídio. Ao mesmo tempo, o Serviço Móvel de Urgência (Samu) atendia os
feridos. Durante a rebelião, familiares e amigos de detentos se aglomeraram na
frente do Conjunto Penal, a fim de obter mais informações. Indignados com a
falta de notícias, eles decidiram fazer uma manifestação, queimando pneus em
frente à unidade, mas foram impedidos por PMs.
As famílias reclamam do
tratamento dado aos internos. Segundo as mulheres de alguns presos, o
procedimento de revista íntima ao qual são submetidas é
"constrangedor" e "humilhante". Elas contam ser obrigadas a
ficar agachadas para que agentes realizem o toque anal e vaginal, a fim de
verificar se objetos estão sendo transportados pelas visitantes para o interior
da unidade.
A mulher de um detento da
unidade, que não quis ser identificada por medo de represálias, disse que a
rebelião teria começado justamente porque agentes penitenciários e policiais
estariam obrigando presos a passar por revista íntima semelhante à realizada em
visitantes. Segundo ela, as agressões teriam começado por parte dos policiais,
ao não aceitarem a recusa dos detentos. Segundo a mesma fonte, um PM teria
disparado contra a perna de um preso, o que teria aumentado a revolta dos
internos. Fonte: A Tarde