“Eu não vejo nada de cabeça para
baixo, o mundo que está de cabeça para baixo”, explica Claudio Vieira, homem
que ao nascer, em 1º de abril de 1976 no município de Monte Santo, na região do
Sisal, recebeu o diagnóstico de que teria apenas 24 horas de vida. Hoje, com 39
anos, Claudio irá receber uma visita de pesquisadores da Universidade de
Harvard, dos Estados Unidos, que farão um estudo sobre o caso, diagnosticado em
2013 como Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) por uma equipe médica de
Londres, na Inglaterra. O grupo de pesquisadores de Harvard chegou a Monte
Santo na tarde de segunda-feira (6) e vão começar os testes com Vieira a partir
desta terça-feira (7) até quinta (9). O principal objetivo das pesquisas é
entender como Claudio consegue enxergar o mundo de cabeça para cima quando sua
cabeça é posicionada para baixo. “Eles querem fazer uma avaliação de como eu
enxergo. Devido à posição em que fica a minha cabeça, muita gente acha que eu
vejo tudo de cabeça para baixo, mas eu não vejo”, conta.
Claudio também afirmou não se
importar com a possibilidade de ser feito de cobaia pela equipe de
pesquisadores, pois as pesquisas podem trazer resultados benéficos e ajudar
pessoas que passem por uma situação parecida. “O meu caso é um grande mistério.
Isso tudo pode desvendar o mistério da minha vida”, espera. O caso de Claudio já
alcançou proporções mundiais: ele já deu entrevistas para jornais, rádios e
equipes de televisão internacionais como a CBN, Discovery Chanel, The New York
Times, além de matérias para um programa televisivo japonês e palestras
motivacionais no Brasil e nos Estados Unidos.
Há 15 dias, Claudio recebeu uma
proposta que traz uma nova esperança. Uma equipe filantrópica de pesquisadores
da Filadélfia, nos Estados Unidos, conhecida como Shriners International,
entrou em contato com ele e trouxe a possibilidade da realização de uma
cirurgia para amenizar seu quadro clínico. Os pesquisadores pediram que Claudio
enviasse um raio-X eletrônico para análise. “Eu já enviei, mas para saber se
realmente tenho interesse em fazer a cirurgia, preciso ouvi-los antes. Quando
conversei com a equipe, deixei claro que não assumi compromisso, e eles também.
Não vou fazer alguma coisa assim aleatória, não me interessa de cara”, explica.
Segundo ele, essa é a primeira vez que a Shriners International abre espaço
para um caso como o de Claudio, já que a equipe é especializada em atender
apenas crianças.
Há 14 anos, Claudio recebeu
proposta similar de uma equipe de especialistas do Canadá, mas rejeitou por
“medo e imaturidade”. “Eles falaram comigo logo direto, dizendo que o caso
tinha jeito. Alguém que só me conhece por fotos pode dizer que dá jeito? Eu
fiquei com medo, recuei por falta de maturidade e conhecimento”, relata.
Atualmente, Claudio Vieira, formado em contabilidade, dá palestras
motivacionais. Reveza entre morar na casa da mãe, Maria José, no centro de
Monte Santo, e na casa que conseguiu com o apoio do governo, um loteamento do
programa federal “Minha Casa Minha Vida”. Bahia Notícias.



