O choro dos forrozeiros baianos,
que pediram aos deputados estaduais uma lei que garanta uma maior presença
deles nos palcos dos festejos juninos realizados pela Governo Estadual, é só a
ponta de um iceberg que pode significar um duro golpe no São João.
Com recursos escassos, centenas
de prefeituras diminuíram e/ou cancelaram os festejos juninos em 2014 e também
em 2015. Ocorre que na época das vacas gordas, leia-se do patrocínio da
Petrobrás, muitas cidades foram além do que poderiam.
E o que isso ocasionou? Palco
forte e tradição relegada. Assim, pequenos municípios trocaram a fogueira, os
fogos, o milho, amendoim e licor, por bandas de Axé Music, sertanejos e bandas
de forró que não representam a essência do São João. É certo que muitos
artistas de momento garantem mais público e mídia para a cidade, mas, em muitos
casos isso acaba se configurando no tradicional ditado: dia de muito é véspera de nada.
Algumas cidades tradicionais
tiveram seus festejos juninos reduzidos a quase nada se comparados com outras
épocas. O resultado será cidade sem turista e menos dinheiro arrecadado com
impostos, além de decepção no comércio.
Muitos forrozeiros também têm sua
parcela de culpa por querer ganhar o dinheiro do ano inteiro somente no mês de
junho. Mas esse é o menor problema. O maior, volto a repetir é a
descaracterização da festa, que tem ganhado cada vez mais cara de micareta, que
é um modelo de evento completamente falido.
Antes, apenas as festas privadas
tinham esse caráter. Mas por que ? Porque é voltada para um público diferente
daquele que curte o São João na praça, geralmente formado por famílias e
pessoas em outra vibe. O que não pode é a praça imitar a festa privada, pois os
dois sairão perdendo nessa conta.