O governo se surpreendeu com o
tamanho das manifestações de rua deste domingo (13), em todo o País, e teme o
impacto dos protestos no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A ausência de confrontos nos atos, porém, foi motivo de alívio. Em conversas
reservadas, interlocutores de Dilma dizem que é preciso um pacto nacional para
sair da crise, mas ainda não conseguem definir os próximos passos. "A
situação é muito difícil", disse um ministro. "Os problemas não são
poucos e matamos muitos leões por dia. Mas nós achamos que nem todos os
caminhos estão interrompidos." Preocupada com o esfacelamento da base
aliada, depois do aviso prévio de 30 dias dado pelo PMDB ao governo, Dilma
retomará nesta semana as conversas com parlamentares de todos os partidos e
também tentará se aproximar da oposição. Muitos no Planalto falam na
necessidade de uma "concertação", mas ninguém sabe como, de fato,
essa ideia pode sair do papel. Até sexta-feira, o governo avaliava que os atos
deste domingo seriam maiores que os três últimos, no rastro da delação premiada
do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução
coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no depoimento à Polícia
Federal. O monitoramento feito pelo Planalto não indicava, porém, que as
adesões poderiam superar as dos protestos de março de 2015. Na tentativa de não
acirrar ainda mais os ânimos, a resposta do governo será na linha de que,
independentemente do número de pessoas nas ruas, o governo respeita as
manifestações, apoia as investigações da Operação Lava Jato e está trabalhando
para retomar o crescimento econômico.BN