José Antônio da Silva Barros
JOSÉ ANTONIO DA SILVA BARROS
“Pode-se enganar a todos, por
algum tempo, pode-se enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a
todos todo o tempo.” BRAHAM LINCOLN.
Aproximam-se as eleições municipais e milhões de eleitores acorrerão as
secções eleitorais, em todos os quadrantes do país, no dia 2 de outubro para
votar nos candidatos de sua preferência e eleger os dirigentes de seus municípios. Será um verdadeiro
azáfama: Filas, consultas, dúvidas, fiscalização, medo, esperança, nervosismo,
a famigerada boca de urna e finalmente as apurações. Em suma, trata-se de um
grande espetáculo cívico.
Como não poderia deixar de ser,
vários candidatos estarão pleiteando os cargos de prefeito e vereador em todos
os municípios brasileiros. A verdade, porém, é que a grande maioria não está
preparada para exercer com competência e dignidade os cargos em questão. São
movidos apenas pela vaidade, pela ambição e, muitas vezes, por interesses
inconfessáveis. Muitos desconhecem o significado e as atribuições desses
cargos. Na Roma antiga, prefeitura era uma divisão administrativa do império.
Portanto, o prefeito era o chefe, o que tinha a seu cargo a parte
administrativa. Também conhecido como alcaide – antigo governador de província
ou comarca. No que concerne a palavra vereador também chamado de edil sua
origem remonta a Portugal onde já era conhecida antes da descoberta do nosso
país. Vem de verea que é a forma arcaica de vereda, ou seja,estrada.
Inicialmente, sua função era
administrar as estradas,os caminhos. Com
o tempo,os vereadores foram assumindo
outras funções ligadas ao funcionamento das cidades.
Definir e eleger prioridades.
Esta deve ser a preocupação constante dos que se propõem a administrar a coisa
publica. Administrar e fiscalizar um município não são tarefas fáceis como
parecem a primeira vista. O administrador deve, antes de tudo, reunir algumas
qualidades, sem as quais não saberá encarar e vencer os desafios inerentes ao
cargo. Entre outras coisas, precisa ter capacidade administrativa e
sensibilidade para identificar as necessidades mais prementes do município,
equacionar, resolver e tornar viáveis as soluções que possam efetivamente melhorar as condições
de vida da população. É preciso ter
em mente também que um
administrador não pode ignorar
os mais comezinhos princípios da
administração publica, bem como a legislação que dispõe sobre o exercício do mandato de prefeito. A mesma
observação serve para os
postulantes a cargo de
vereador,cuja função precípua é
fiscalizar e auxiliar o trabalho do
prefeito.
Nunca é demais repetir. As
populações moram, vivem e, na maioria das vezes, sofrem no município, ou
melhor, na cidade. É na cidade onde o cidadão vive e atua, geográfica, política
e socialmente. É na cidade que se
desenrola todo o drama das populações, mormente aquelas mais carentes.
Portanto, é para esse contingente que cresce a cada dia que devem estar
voltadas as preocupações dos futuros governantes municipais. É no município que
devem ser elaboradas com a participação efetiva da população, as leis e as
diretrizes que irão nortear a vida do município. Não se pode esquecer que há
uma enorme divida social que vem sendo protelada e que precisa ser resgatada
sem mais delongas. Trata-se de um momento crucial de nossa história. Estamos
vivendo em um contexto de crise que gera uma situação de instabilidade e de
incerteza. Ou nos preparamos para entrar nas próximas décadas inseridos no
contexto das grandes nações ou
ficaremos eternamente dependente num
mundo cada vez mais interdependente. Os
séculos anteriores ficaram notabilizados por alguns fatos marcantes que podem
servir de exemplos. Basta verificar os erros as ações e omissões que vem sendo acumulados
ao longo da nossa história.
O que significa o ato de votar no
sentido estritamente político? Antes do advento da urna eletrônica consistia em
depositar na urna uma cédula na qual o eleitor manifestava sua preferência por
um candidato ou partido. Atualmente, basta apertar uma tecla e o voto fica
registrado. Seja como for, esse sentido adquiriu uma importância tal que todos
sabemos da força que tem certas expressões como “as forças das urnas”, “a voz
das urnas”, etc. Como se vê, o exercício do voto constitui a própria essência
da democracia. Votar significa ainda delegar poderes a alguém para falar em
nosso nome, defender nossos interesses ou conduzir os destinos de nossas
cidades.
Vale insistir e repetir que é
preciso humanizar a administração trazendo-a para mais perto da população sem
privilegiar grupos ou facções em detrimento da maioria. Os dirigentes devem
ainda atentar para a necessidade de cerca-se de assessores que tenham
sensibilidade e que sejam, ao mesmo tempo, qualificados para auxilia-los. Por
outro lado, a tão falada independência entre o executivo e legislativo fica
apenas na teoria. Via de regra, as câmaras municipais estão sempre atreladas ao
executivo até mesmo fisicamente. Na verdade, há um acordo tácito entre o chefe
do executivo e os vereadores quando se trata da aprovação de certos projetos
que são do interesse do prefeito. É uma prática adotada em todos os níveis nas
casas legislativas do país.
Ao se dirigir a uma urna para
depositar o seu voto, o eleitor deve estar consciente de que poderá com este
gesto contribuir para felicidade sua e de milhares de pessoas ou para mergulhar
seu município no caos. Por isso, sua escolha deve recair sobre um candidato
comprometido com os interesses da maioria da população. Candidatos há que estão
apenas interessados na promoção pessoal ou nas benesses que podem obter com o
cargo. Não é difícil discernir um candidato sério de outro que está movido
apenas por interesses pessoais ou mal intencionado. Em outras palavras, que
estejam dispostos a servir sem se servir dos cargos que porventura venham a
ocupar. Vale ressaltar que pelo erro de
um dia, muitas vezes, podemos condenar um município a sofrer durante uma gestão
inteira o descaso e o abandono como
acontece amiúde. Portanto,
ao escolher um candidato, o eleitor deve meditar muito sobre este importante
passo que está dando, uma vez que um candidato despreparado, incompetente e
corrupto pode traumatizar e frustrar a
esperança de milhares de pessoas que nele depositaram sua confiança. Este é o
momento azado para que todos meditem sobre essa realidade. O poder municipal
precisa ser fortalecido. Para tanto, é imprescindível que todos estejam
conscientes da necessidade de escolher seus representantes municipais levados
não apenas pelo passionalismo, mas por critérios racionais. Não se deve
esquecer que governar é reunir vontades e interesses os mais díspares.
Em última instancia, eis aí, o
grande desafio dos administradores e dos futuros membros das câmaras
municipais, da edilidade, ou seja, daqueles que irão verear e daqueles que irão
estar investidos do poder executivo nas municipalidades.