Uma manifestação realizada na
manhã da última segunda-feira, 25, em Jacobina lembrou a catástrofe humana e
ambiental ocorrida em Brumadinho (MG) há um mês, e chamou a atenção para os
riscos que uma das barragens de rejeitos de minério oferecem a moradores de
comunidades próximas. Outros protestos aconteceram simultaneamente em cidades
do Vale do São Francisco e no Brasil.
O protesto foi organizado pela
Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) de
Jacobina, estudantes e movimentos ambientalistas. Com faixas, cartazes e cruzes
pretas, o grupo de manifestantes percorreu ruas e avenidas do centro da cidade,
com paradas em frente ao Fórum Jorge Calmon, Câmara de Dirigentes Lojistas
(CDL) e Calçadão. No fórum, os manifestantes puseram as cruzes e cartazes no
chão, deram as mãos e pediram mais segurança para as comunidades que podem ser
atingidas em um eventual rompimento de barragem da mineradora Yamana Gold.
Na segunda-feira, a Comissão
Pastoral da Terra - CPT, MPA, impactados pela Yamana Gold, estudantes,
movimentos ambientalistas foram as ruas da cidade de Jacobina protestar e
lembrar as autoridades e a mídia o primeiro mês do crime ambiental da Vale em
Brumadinho e lembrar que a B1 da cidade também é igual as barragens de Mariana
e Brumadinho que se romperam", disse o ambientalista Almcks Luiz em seu
perfil em uma rede social. Brumadinho contabiliza 179 mortos.
Ontem, dia que antecedeu um mês
da tragédia, a Defesa Civil contabilizou 179 mortos identificados e 131 pessoas
desaparecidas em Brumadinho (MG). A barragem do Feijão, da mineradora Vale, se
rompeu em 25 de janeiro, causando uma avalanche de lama que interrompeu muitas
vidas por onde passou. O Rio Paraopeba foi contaminado e produtores rurais da
região de Brumadinho perderam tudo. Existe o risco de a lama atingir o Rio São
Francisco.
A catástrofe acontece três anos
depois de outra barragem de rejeito se romper no município de Mariana, também
no estado de Minas Gerais. A barragem do Fundão, controlada pela Samarco
Mineração, se rompeu em 5 de novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues,
município de Mariana (MG). 43,7 milhões de m³ de lama causaram a morte de 19
pessoas e foi a primeira devastação ambiental desse tipo no Brasil.
Além das 19 mortes confirmadas e
das pessoas desparecidas que nunca foram localizadas, vilarejos inteiros foram
arrasados e os impactos socioambientais foram registrados em Minas Gerais e no
Espírito Santo.
O que as duas tragédias têm a ver
com Jacobina?
As duas barragens de rejeitos que
se romperam nas cidades mineiras são iguais a primeira barragem (B1) construída
em Jacobina. Foram feitas utilizando o método de alteamento a montante, que é
mais barato e mais instável do ponto de vista segurança. Outra similaridade
entre as barragens é que, a barragem mais antiga de Jacobina, a B1, foi
construída na década de 1980 e está desativada, sem receber rejeitos de minério
desde 2012.
A mineradora nega que não haja
segurança, apesar de ter realizado um simulado de emergência na última semana.
Na ocasião, várias entidades participaram do treinamento, incluindo o promotor
de justiça Pablo Almeida, do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).
Apesar de ter destacado que "a experiência foi positiva", o promotor
Pablo Almeida apontou algumas falhas na simulação. Fonte: Jacobina Notícias