O salário mínimo da Venezuela
chegou ao valor mais baixo da história nesta terça-feira e, segundo a cotação
cambial oficial de hoje, equivale a US$ 2,76 (cerca de R$ 11,15), uma marca que
coincide com o aniversário de um ano do plano de recuperação econômica proposto
pelo governo para enfrentar a crise.
Segundo o câmbio oficial
estabelecido pelo Banco Central da Venezuela, um dólar era negociado hoje a
14.843,54 bolívares soberanos. A desvalorização em relação à moeda americana só
cresceu desde o início do ano.
Com os 40.000 bolívares de
salário mensal equivalendo a menos de US$ 3, os venezuelanos estão abaixo da
linha da miséria estabelecida pela ONU, que afirma que os que recebem menos de
US$ 1,90 por dia vivem em situação de extrema pobreza.
Em agosto do ano passado, quando
deu início ao plano de recuperação econômica do país, Maduro estabeleceu que o
salário mínimo da Venezuela seria equivalente a US$ 30. No entanto, houve uma
perda de 90,80% no poder de compra desde então, apesar dos quatro reajustes
realizados pelo governo nos últimos 12 meses.
Os venezuelanos conseguem comprar
com o atual valor do salário mínimo, com alguma sorte, apenas uma cartela de 30
ovos. A realidade, porém, não é muito diferente da registrada no país há um
ano, quando Maduro iniciou a reconversão monetária para cortar cinco zeros do
bolívar.
Apesar do agravamento da crise, o
chavismo não deu sinais de novos reajustes salariais nos próximos meses e
sequer fala sobre o chamado "plano de recuperação e prosperidade
econômica" que, entre outros objetivos, também previa combater a escassez
de dinheiro em espécie no mercado.
As notas de menor valor, porém,
já pararam de circular. Com a hiperinflação vivida no país - alta de 1.579,2%
desde o início do ano -, os venezuelanos já não conseguem fazer compras com as
notas de 2, 5, 10, 20 e 50 bolívares soberanos. O valor delas é quase tão nulo
como as que saíram de circulação no ano passado.
Por esse motivo, o Banco Central
da Venezuela anunciou em junho a criação de três novas novas notas - 10.000,
20.000 e 50.000 bolívares, equivalentes a US$ 0,69, US$ 1,38 e US$ 3,45,
respectivamente.
As medidas adotadas à época
também incluíram uma modificação do sistema de compra e venda de divisas no
país. No entanto, o novo mecanismo falhou em combater o mercado paralelo de
negociação de dólares na Venezuela.
O controle de preços, estratégia
reciclada pelo governo em várias ocasiões, fazia parte do programa de junho,
mas a medida durou apenas algumas semanas. Maduro também chegou a anunciar um
aumento dos preços da gasolina, o que nunca ocorreu.
A gasolina na Venezuela custa
0,00001 ou 0,00006 bolívares por litro, dependendo da octanagem. No entanto,
como as notas de valor mais baixo estão fora de circulação, os venezuelanos
costumam pagar com 100 ou 200 bolívares pelo combustível. /EFE
Fonte: https://www.estadao.com.br/