Um estudo publicado na
terça-feira (17) na revista científica "New England Journal of
Medicine" afirma que o coronavírus responsável pela doença Covid-19
consegue sobreviver até 3 dias em algumas superfícies, como plástico ou aço.
O estudo foi realizado por
cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), da
Universidade da Califórnia, de Los Angeles e de Princeton. O trabalho avalia a
resistência do vírus em cinco materiais diferentes, e mostra que o novo
coronavírus fica "mais estável" em plástico e aço inoxidável, que são
materiais bastante utilizados no dia a dia da população.
Veja o tempo de sobrevivência do novo
coronavírus em cada material, de acordo com este estudo.
Aço inoxidável: 72 horas
Plástico: 72 horas
Papelão: 24 horas
Cobre: 4 horas
Aerossolizada/ Poeiras: 40
minutos a 2:30 horas
A pesquisa simulou pessoa
tossindo ou espirrando usando um nebulizador, e descobriu que o vírus se tornou
uma espécie de poeira - suas partículas ficam suspensas no ar - tornando-o detectável
por quase três horas.
Segundo a AFP, um artigo feito
por cientistas chineses descobriu que uma forma aerossolizada do novo
coronavírus estava presente nos banheiros de pacientes de um hospital de Wuhan.
Segundo estudos, o novo coronavírus é eliminado nas fezes.
Ainda segundo a agência, uma
forma aerossolizada de SARS foi responsável por infectar centenas de pessoas em
um complexo de apartamentos em Hong Kong, em 2003, quando uma rede de esgoto
vazou para um ventilador de teto, criando uma fumaça carregada de vírus.
Comparativo entre Sars
Por isso, o estudo norte
americano, comparou o tempo de sobrevivência do vírus SARS-CoV-2 e do SARS-CoV-1.
O primeiro é o coronavírus, responsável pela Covid-19. O segundo, é o vírus que
provoca a Influenza. Os vírus foram testados por 7 dias em diferentes
superfícies a uma temperatura entre 21 e 23ºC, com 40% de umidade.
A comparação entre os dois vírus
demonstrou que eles possuem características semelhantes, apesar de, em algumas
superfícies, variar o tempo de sobrevivência.
"Isso indica que as
diferenças nas características epidemiológicas desses vírus provavelmente surgem
de outros fatores, incluindo altas cargas virais no trato respiratório superior
e o potencial de pessoas infectadas com SARS-CoV-2 transmitirem o vírus
enquanto assintomáticas", aponta o estudo.
Sobre os velhos coronavírus e
suas resistências
Em um outro trabalho, realizado
por pesquisadores da Universidade de medicina de Greifswald, na Alemanha, foi
feita a revisão de estudos já divulgados sobre os outros tipos de coronavírus o
SARS-CoV e o MERS-CoV.
Neste estudo, foi verificado que
estes vírus sobrevivem da seguinte maneira as superficies:
Aço - a 21°C - 5 dias
Alumínio - a 21°C - 4 a 8 horas
Vidro - a 21°C - 5 dias
Plástico - temperatura ambiente -
2 a 6 dias
PVC - a 21°C - 5 dias
Borracha de silicone - a 21°C - 5
dias
Luva de latex - a 21°C - 8 horas
Cerâmica - a 21°C - 5 dias
Teflon- a 21°C - 5 dias
Segundo o estudo, que ainda não
tem os resultados do novo coronavírus, em diferentes tipos de materiais, ele
pode permanecer infeccioso por entre 2 horas e até 9 dias. Como o estudo
considerou diferentes tipos de coronavírus, observou-se que alguns deles têm
menos resistência a temperatura mais alta, como 30°C ou 40 °C.
Entendendo o vírus
Flavio Fonseca, virologista e
integrante do centro de pesquisa em vacinas da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) explicou ao G1 que o tempo de sobrevida do vírus depende, também,
do material orgânico que ele tem contato.
“Uma gotícula de saliva, por
exemplo, ela não tem só água, ela tem proteínas da saliva. Uma gotícula de
secreção respiratória tem muco, que tem proteína, tem resto de célula. Todo
esse material orgânico protege o vírus. Esse material orgânico consegue formar
uma capa ao redor do vírus. Quando tem muco, catarro, essas coisas, o vírus
fica viável por muito tempo, em qualquer superfície, é claro que se a
superfície for porosa ele pode durar muito mais” - Flavio Fonseca, virologista
e integrante do centro de pesquisa em vacinas da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG)
O professor Júlio Borges, do
Grupo de Bioquímica e Biofísica de proteína da Universidade de São Paulo(USP)
de São Carlos, explica que o tempo de sobrevivência dos vírus é variável e
depende do tipo, da superfície e das condições ambientais.
“Quando o vírus é exposto ao
ambiente ele sofre desidratação e isto pode ocasionar danos à estrutura das
biomoléculas e levá-lo ao desmonte e à sua inviabilidade em infectar as células
do hospedeiro” - Júlio Borges, do Grupo de Bioquímica e Biofísica de proteína
da Universidade de São Paulo(USP) de São Carlos.
O professor ressalta a
importância da constante higienização das superfícies com desinfetantes em
geral: álcool em gel 70%, água sanitária, sabão. G1