Era
para achar água, mas apareceu gás. Desde o dia 8 de maio, é o que se conta em
Utinga, na Chapada Diamantina. Eles esperam pela confirmação da descoberta que
pode mudar a economia local, afetada pelas sucessivas estiagens: a existência
de um campo de gás natural. A primeira chama faiscou durante uma perfuração de
poço. Um trabalhador precisou fazer uma solda em uma peça e ao ligar o maçarico,
o “poço incendiou”, conta ao Bahia Notícias o prefeito da cidade, Joyuson
Vieira Santos (PSL). Segundo ele, uma equipe da Agência Nacional de Petróleo
(ANP) deve visitar os locais para constatar a presença do combustível. Enquanto
eles não aparecem, um técnico ligado à ANP e os proprietários das terras não
arredam o pé dos poços, fiscalizando e monitorando os espaços. "Eles estão
monitorando, usando imagens. Pelo que fiquei sabendo nesta quarta-feira [17], o
fogo tá no mesmo nível do estágio inicial. O técnico também ficou de agendar
uma visita in loco [no próprio local] com o pessoal da ANP", relata. Os
dois poços ficam na região do povoado do Cambuí, e ficam separados por uma
distância de dois quilômetros. O prefeito aguarda com expectativa a confirmação
do achado. "Para uma cidade que convive com a estiagem e o desemprego isso
representa não só royalties, mas desenvolvimento regional", avaliou. Mesmo
assim, Joyuson tenta não se impressionar com o fato e critica o governo do
estado em relação ao estado do rio Utinga, principal fonte de água do
município. "A gente quer aproveitar esse fato e dizer que cobra mais
presença na preservação do Rio Utinga, que é afluente do Paraguaçu, que tanto
serve no abastecimento da Bahia. Na busca de água, a gente acabou achando esse
poço, que ainda não podemos identificar a viabilidade. A gente só não pode se
empolgar com isso e deixar que essa cortina de fumaça, ou de gás, obscureça
nossa necessidade real, que são os recursos hídricos", discursou. Utinga
têm decretos de emergência por estiagem já reconhecidos pelo Estado e pela
União. A ANP ainda informou que está “acompanhando o caso e mantém contato com
as autoridades locais”. No entanto, o órgão federal disse que a área “sequer
encontra-se em uma bacia sedimentar” e não foi “licitada pela ANP”. A associação de petróleo afirma que para
ocorrer “exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil em uma
determinada área, ela tem que ter sido incluída em uma das rodadas de licitações
da ANP”. BN