Mairiense Aly Muritiba
Diretores de Circular, filme que surgiu nas salas de aula da
faculdade, contam sobre a experiência de produzir um longa-metragem logo de
cara, e o que aprenderam com isso.
A ideia para o filme Circular, que passa nos cinemas de
Curitiba e de outras duas cidades do país, surgiu das salas de aula do curso de
Cinema da FAP (Faculdade de Artes do Paraná). O trabalho conjunto dos colegas
Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio
Allon provou que correr atrás e se unir em torno de um objetivo comum pode dar
certo.
Letícia
Sabatella interpreta uma das personagens do filme. O orçamento de R$ 1 milhão
ajudou a convidar a atriz.
Depois de muito se esforçarem e de suarem a camisa por três
anos, os cinco amigos conquistaram prêmios cinematográficos e seguem firmes na
área de produção audiovisual – e com milhares de planos na cabeça. Diego
Florentino, o mais jovem do grupo, entrou nessa aventura aos 21 anos. Agora com
26 e uma bagagem bem maior do que no início da faculdade, o cineasta lembra que
mesmo com a pouca experiência na época, encarou tudo com tranquilidade. “Muitas
pessoas fazem o primeiro longa-metragem depois de vários curtas, mas naquela
época eu só tinha feito dois e mais um videoclipe. Quando vimos que a produção
do filme iria para frente, pensei: seja o que Deus quiser!”
Diretores no
set de filmagens. Circular trata de cinco histórias que se cruzam
O primeiro esboço de Circular nasceu em 2007, quando os então
colegas, que estudavam em salas diferentes, resolveram se juntar e pensar num
roteiro legal que pudesse captar recursos. Foi nesse caminho que eles
inscreveram o projeto para participar de um edital do Ministério da Cultura,
que rendeu a eles R$ 1 milhão. O diretor Aly Muritiba, de 33 anos, conta que
depois disso, os cinco tiraram os anos de 2008 e 2009 para aparar das arestas
do roteiro, feito a dez mãos. “O nosso grupo era formado por pessoas com
formações e referências muito diferentes. Um era ligado na arquitetura, outro
no teatro, outro tinha uma banda punk; e além disso, existiam as diferenças de
idade, o que tornou difícil a tarefa de conciliar as ideias de cada um”,
recorda Aly.
Uma ideia na cabeça
A solução encontrada para que cada um pudesse contar a sua
história sem que o filme ficasse uma espécie de “Frankenstein” foi compor um
roteiro com cinco narrativas diferentes que se cruzam. Tendo como tema central
a violência, Circular mistura a história de uma artista plástica viciada em
remédios controlados; de um estrangeiro que cai na marginalidade; de uma banda
punk em crise; de um cobrador de ônibus que é lutador de boxe nas horas vagas;
e de um policial evangélico. O ponto em comum entre as cinco narrativas é o
ônibus da linha Circular, no qual todos os personagens se encontram numa certa
hora do dia.
Colegas de
faculdade de cinema, realizadores do filme tiveram que aprender a lidar com as diferenças.
Aly conta que toda a produção do filme levou em torno de
quatro meses para ficar pronta, mas não sem que houvesse algumas pedras no
caminho. “Foi muito difícil filmar no ônibus, porque ele sempre balançava e
você não consegue controlar o tráfego. E fazer a produção caber no orçamento
foi complicado, mas no fim deu tudo certo”, explica o diretor, que no momento
divide o trabalho de divulgar o longa com a produção de outros três projetos.
Diego também está envolvido até o pescoço com projetos
cinematográficos, principalmente para a tevê. E a experiência com Circular foi
uma das grandes culpadas por isso. “Ao olhar para trás, vejo que ter me
envolvido num projeto desse tamanho logo no início da carreira valeu muito a
pena. Portanto, se você quer fazer cinema e está começando agora, se una em
grupos e pratique. Mesmo que você erre muito, o importante é fazer”, aconselha.
Circular
Em 24 horas há os que lutam para salvar a si da rotina
tediosa de cada dia, há os que se dopam para aguentar a dor das horas lentas
das madrugadas mal dormidas, há os que correm para salvar alguém e contam os
minutos, há os que cantam e curtem a vida inconsequentemente segundo após
segundo, mas há também os que oram pelos que contam os dias, as horas, os
minutos, os segundos e não se dão conta de que o tempo que lhes resta é
irreversível.
Elenco: Letícia Sabatella, Cesar Troncoso, Santos Chagas,
Marcel Szymanski, Bruno Ranzani, Luiz Bertazzo, Débora Vecchi, Gustavo Pinheiro
Direção: Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira
Gênero: Drama
Duração: 94 min.
Classificação: 12 Anos