A dois meses do São João e em
meio a uma grave crise econômica, o governador Rui Costa (PT) corre atrás do
patrocínio de bancos públicos e cervejarias para bancar os festejos juninos em
municípios baianos.
Não bastasse isso, a Petrobras,
grande patrocinadora em anos anteriores – agora protagonista do escândalo de
corrupção investigado na Operação Lava Jato -,
ainda não disse se investirá nas festas este ano. Em 2014, governo e
Petrobras investiram, juntos, R$ 21,7 milhões.
Por sua vez, prefeituras temem
ter que cancelar ou reduzir o São João, dependentes de convênios com a
Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado – Bahiatursa. Alguns prefeitos
já estão apelando para que “um milagre” salve a festa.
“Nós estamos buscando que esses
atores privados aportem valores maiores, que possam compensar uma eventual
diminuição (de recursos) do estado”, afirma o governador.
Segundo Rui, já foram iniciadas
conversas com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Schin e Coca
Cola, entre outros possíveis patrocinadores. Nenhum deles, porém, anunciou se
pretende investir no São João e em que medida.
O governador diz que aguarda nos
próximos dias a entrega de projeto, elaborado pela Secretaria de Turismo, para
apresentar aos bancos e empresas. “Enviarei o projeto para saber qual será a
contribuição de cada um, e a partir daí, ter um parâmetro de quanto o estado
vai ter que entrar”, afirma Rui. A TARDE entrou em contato com empresas e
bancos, mas nenhum deles respondeu até o fechamento desta edição.
O que já está certo, de acordo
com Rui, é que o estado não poderá de forma alguma ultrapassar o valor gasto em
2014. O superintendente da Bahiatursa, Diogo Medrado, diz que, em 2014, o
governo investiu no São João cerca de R$ 14 milhões – dos quais R$ 6 milhões em
convênios com prefeituras e R$ 8 milhões para o São João no Pelourinho, em
Salvador.
Conforme a Bahiatursa, 163
municípios baianos receberam recursos no ano passado. Segundo Medrado, há ainda
conversas com outros cinco “parceiros” para um possível patrocínio, além dos
citados pelo governador. O superintendente, porém, não quis identificar nenhum
deles.
Petrobras
Na última semana, a Petrobras –
que investiu em 2014 R$ 7,7 milhões no São João de 130 municípios baianos –
divulgou um balanço do exercício de 2014, com um prejuízo de R$ 21,587 bilhões.
A estatal informou ainda uma perda de R$ 6,194 bilhões por corrupção,
investigada pela Operação Lava Jato .
A situação da companhia deixa em
dúvida um patrocínio ao São João baiano de 2015. “A Petrobras está no meio
desse turbilhão aí. Eu já liguei para o presidente e pedi para a gente
conversar, para ver o quanto eles podem ajudar”, revelou, ainda, o governador
Rui Costa.
“A informação que a gente tem é
que a Petrobras vai reduzir o investimento, mas vai se fazer presente”, afirma
Medrado. Por meio de nota, a estatal petrolífera informou que ainda não definiu
sua estratégia para a ação de patrocínios relativa ao São João 2015.
Prefeituras
Uma das prefeituras que recebeu
patrocínio da Petrobras para a realização do São João em 2014 foi Jaguaquara.
Foram cerca de R$ 50 mil, segundo o prefeito Giuliano Martinelli (PP). Este
ano, porém, só um “milagre” garantirá a festa de São João no município, diz
ele.
“Acredito que não virá nada da
Petrobras, todo mundo está alegando crise. Ninguém hoje tem condições de arcar
com a festa apenas com recursos próprios”, diz Martinelli. Em Riachão do
Jacuípe, a prefeita Tânia Matos (PDT) afirma que fará um São João “mais
simples”. “Vamos fazer apenas com artistas locais. As prefeituras estão em
crise. Tem mês em que o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) vem zerado”,
diz a prefeita.
Em situação de emergência,
algumas cidades já anunciaram o cancelamento do São João. Em Sento Sé, o
cancelamento ocorreu por causa da seca, e em Candeias, devido às chuvas que
atingiram a cidade. (Fonte: A Tarde)