A população mairiense vêm
sofrendo nos últimos meses com os rumos tomados pela administração municipal.
Na contramão do desenvolvimento, o Município de Mairi têm como grande problema
a falta de oportunidades, principalmente no que diz respeito ao acesso ao
emprego. A crise na gestão não atingiu apenas os mais necessitados, como também
o comércio, funcionários da própria prefeitura – vide demissões em massa no
último ano-, e a população em geral.
Apesar de todos os problemas o
povo mairiense sempre manteve acesa a chama da esperança na expectativa de dias
melhores, porém, na última terça-feira, 18, com a publicação do decreto
assinado pelo Gestor Municipal que cancela os tradicionais festejos juninos
desse ano, um balde de água fria fora lançado sobre a sociedade mairiense
causando inevitável indignação. Nosso município, conhecido pelo seu
tradicionalíssimo “Arraiá do Monte Alegre” que injeta na economia local
consideráveis valores, através do turismo, artesanato, confecções de licores
etc terá MAIS UMA VEZ sua tradição quebrada.
Não é difícil compreender quais
os motivos que levaram ao cancelamento dos festejos juninos de 2015. Através de
dados, que são de fácil acesso para todos, é possível refutar um a um os
argumentos utilizados pelo prefeito para a atitude que gerará um prejuízo
incomensurável para a cultura local.
Primeiro: A seca não pode ser
motivo para o cancelamento dos festejos. No ano de 2013 o Governador do estado
da Bahia decretou estado de emergência em 213 municípios por conta da seca,
incluindo o nosso, que sofreu com as mazelas da seca. Contudo tivemos um dos
maiores, senão o maior, São João da nossa História no mesmo ano.
Segundo: É uma falácia utilizar a
crise financeira para se eximir de realizar o São João. Os dados do portal da
transparência do governo federal demonstram que o município teve um repasse
muito superior esse ano, comparado com o mesmo período do ano passado. E se
comparado com o mesmo período do ano em que a seca assolou o município (2013) a
diferença é ainda maior. Em 2013 o Governo Federal repassou para o Município de
Mairi um total de R$ 6.330.527,96 no período de Janeiro a Março, já em 2014 o
total recepcionado pelo município foi de R$ 8.419.586,32. O mais intrigante é
que no ano de 2015 o município recebeu até o mês de Março vultosos R$
9.809.410,72, ou seja, se compararmos com os dois últimos anos as diferenças
dos valores recebidos são significativas ( diferença de R$ 3.478.882,76 entre
2013 e 2015; e diferença de R$ 1.389.824,40 entre 2014 e 2014, período de
Janeiro a Março). Além disso, o município tem uma receita própria que gira em
torno de R$ R$ 1.644.574,00.
Esses dados nos trazem duas
indagações: O município realmente está vivendo uma crise financeira? Ou se
estiver, essa crise é fruto de uma má gestão do chefe do poder executivo?
Fazendo uma simples comparação
com outro município de mesmo porte – PIRITIBA- que têm um repasse próximo ao
nosso, e sempre sofre dos mesmo problemas climáticos, por estar na mesma
região, mas mesmo assim manteve suas tradições juninas sem grandes pesares, é
possível perceber quem pôde ter gerado essa “crise cultural” no nosso
município.
Um povo se auto-reconhece através
de seus costumes, suas vestimentas e suas manifestações culturais. Arrancar de
um povo esses signos é menosprezar sua essência, desqualificando-os perante os
seus iguais. Por isso, como parte da juventude
mairiense, utilizo-me desta carta para repudiar o decreto municipal Nº
078/2015 e afirmar que nós jovens faremos de tudo para evitar a morte de nossa
tradição!
Por: Leandro Luz.