O presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) demitiu nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. A
confirmação foi feita pelo próprio agora ex-ministro através do seu Twitter. A
decisão aconteceu após uma reunião entre ele e o chefe de Estado no Palácio do
Planalto.
No post, Mandetta agradeceu a
“oportunidade que lhe foi dada” e reiterou que o sistema de saúde brasileiro
“está por enfrentar” o “grande desafio” da pandemia do coronavírus. “Agradeço a
toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo
de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem
muito o nosso país”, escreveu.
As divergências entre os dois já
se estendiam há algumas semanas, geradas inicialmente pela defesa contrária de
Bolsonaro em relação às medidas de isolamento orientadas pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) e o uso da hidroxicloroquina como tratamento da
Covid-19.
Médico de formação, Mandetta
insistiu em manter um posicionamento técnico, contrário aos desejos de
Bolsonaro. Em pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente
pregou a interrupção do isolamento social, defendendo uma espécie de isolamento
vertical, no qual apenas idosos e outras faixas de risco teriam restrição de
circulação.
A situação entre os gestores se
agravou após diversos membros do governo e da política brasileira se
posicionarem em favor do ministro. No início de abril, após um diálogo tenso
com o presidente por telefone, Mandetta disparou: “O senhor que me demita, presidente”.
A situação foi ao limite e uma
quase demissão foi orquestrada para o dia 6 de abril. Na ocasião, o presidente
recuou após reunião geral, que envolveu todos os ministérios. A desistência
pela demissão naquela data teve como principal influência a ala militar do
governo.
Finalizada a reunião, em
entrevista coletiva, Mandetta admitiu a tensão pela possibilidade em sair do
cargo e agradeceu à equipe que “ajudou a fazer a limpeza das gavetas”, mas
garantiu que vai continuar trabalhando contra o coronavírus. “[As críticas] Têm
sido uma constante no ministério. Adotaram uma determinada linha de termos
muitas vezes que voltar, fazer contrapontos, para poder reorganizar a equipe
que fica numa sensação de angústia”, declarou.
No dia 9 de abril, a suposta
demissão de Mandetta voltou ao cenário político após vir a público um diálogo
entre o deputado federal Osmar Terra, cotado para substituir o então ministro,
e Onyx Lorenzoni, da Cidadania e correligionário de Mandetta no DEM.
Passada mais uma onda, veículos
nacionais retomaram a questão. Desta vez, a informação dos bastidores era a de
que o próprio Mandetta já comentava com pessoas próximas e membros do próprio
Ministério da Saúde que a demissão aconteceria em breve.
Na manhã do dia 15 de abril, o
secretário de Vigilância em Saúde, auxiliar de Mandetta no ministério,
Wanderson de Oliveira, pediu demissão do cargo. Ele era uma das autoridades do
ministério que mais participavam das ações da pasta sobre o enfrentamento ao
vírus e estava presente em boa parte das entrevistas coletivas da pasta sobre o
tema. O então ministrou recusou a demissão do auxiliar e garantiu que ambos
sairiam juntos dos respectivos cargos